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Superando a “vagina-escola”: inovações científicas e éticas no ensino da saúde das mulheres no século 21

O primeiro de uma série de encontros que acontecerão ao longo do ano será dedicado a debater o ensino na área da saúde, especificamente de saúde das mulheres, e suas interações com os aspectos éticos, legais e científicos. Profissionais das mais diversas áreas comentarão o caso de Mary Dias, que foi vítima de violência obstétrica no Hospital Universitário da USP. Ela mesma narrará sua experiência, seguida de uma rodada de comentários interpretativos do caso. Na sequência, outra mesa debaterá propostas para superar esse modelo em que o corpo das mulheres é transformado em objeto para ensino de procedimentos. Em audiência promovida em 2014 pelo Ministério Público Federal, a estudante Mary Dias relatou ter sido submetida desnecessariamente a um procedimento invasivo conhecido como episiotomia. Sem seu conhecimento ou consentimento, dois futuros médicos foram incentivados por seu preceptor a cortar a vulva e a vagina da moça, cada qual de um lado, para que pudessem treinar o procedimento, bastante comum nos partos vaginais no Brasil, mas de eficácia questionável. Tal relato constitui o ponto de partida para a reflexão sobre o desalinhamento entre ciência e ética no ensino em saúde das mulheres na atualidade, cenário que exige mudanças e inovações em quatro dimensões: • na incorporação e no ensino de evidências científicas sobre as intervenções no parto, inclusive na promoção da integridade genital; • no ensino da relação médico-paciente, incluindo o direito à autonomia e à escolha informada; • no ensino prático de intervenções, inclusive cirúrgicas, de modo a regular o uso do corpo dos pacientes como material de ensino (“procedimentos didáticos”); • na identificação e na responsabilização (accountability) dos “abusos consensuais”. O debate faz parte da disciplina “Gênero, Raça/Etnia, Sexualidades e Saúde Pública”, do curso de Bacharelado em Saúde Pública, e integra a agenda de eventos do Grupo de Estudos Gênero, Evidências, Maternidade e Saúde, do Departamento de Saúde Materno-infantil da Faculdade de Saúde Pública (FSP/USP).

Ciclo de conferências FEA 70 anos: “Repensar o Brasil”: TEMA 1 - Governança pública e governança empresarial (Abertura)

Repensar o Brasil, seus desafios e reformas – eis o propósito central deste Ciclo, que terá em sua abertura uma Conferência Magna a ser proferida por Pedro Parente, Presidente da Petrobras. O tema desta iniciativa figura no primeiro plano do debate sobre os rumos da economia. Exige-se das instituições públicas, incluídas empresas estatais e ministérios, uma profunda revisão em suas estratégias. Depois de um período em que se esgotaram, pela força do tempo, alguns modelos e práticas, emergem novos conceitos e procedimentos, em linha com grandes e ousadas reformas estruturais. Ao segmento empresarial cumpre, neste cenário, um papel decisivo na retomada do crescimento e no estímulo a um ambiente avesso à ilicitude, focado na competitividade, inovação, investimentos e reconstrução do mercado de trabalho. Ao poder público, a partir do comando da economia, compete o equilíbrio fiscal, eficiência em suas instâncias operacionais, reforço da infraestrutura e incentivo multi-setorial à produção. Cresce, nestas duas esferas da vida nacional, um combate sem tréguas à inação geradora de custos que tornam o futuro mais oneroso e menos produtivo. Entre as estatais, destacam-se a Petrobras e o trabalho do seu executivo principal, com larga experiência no universo competitivo e na administração pública, ora em face do maior desafio já enfrentado por um gestor brasileiro: recuperar a maior empresa do País, alvo de acontecimentos que comprometeram seu desempenho, macularam sua imagem e expandiram perigosamente o seu endividamento. Espera-se que o conferencista faça o possível balanço parcial deste esforço e ofereça uma reflexão sobre os traços distintivos entre a governança pública e a governança empresarial, nas quais vem sendo, ao longo de sua carreira, um exitoso protagonista.